Um thriller de tirar o fôlego

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Personagens bem construídos e uma trama eletrizante fazem da trilogia Millennium um êxito no gênero policial. O sucesso da série é merecido. Ao longo dos três livros – O homem que não amava as mulheres, A menina que brincava com fogo e A rainha do castelo de ar – se desenrola uma história cheia de surpresas e reviravoltas, fazendo com que o leitor devore rapidamente as mais de 600 páginas de cada volume.

Mikael Blomkvist é um dos protagonistas e o personagem mais clichê – mas nem por isso menos interessante – do elenco de Millennium. Jornalista investigativo famoso, está à frente da revista que dá nome à trilogia. Um charmoso conquistador que mexe com o escalão feminino da história, enquando desenrola os fios da trama.

Lisbeth Salander começa parecendo uma personagem coadjuvante, mas é a heroína de Millenium. Uma hacker com memória fotográfica, extremamente inteligente, mas sem o menor traquejo social. A vida conturbada de Lisbeth fez com que se tornasse uma mulher avessa à proximidade de outras pessoas.

A dupla de protagonistas se conhece no primeiro livro da trilogia, O homem que não amava as mulheres, tentando desvendar o mistério do desaparecimento de uma menina, ocorrido há quarenta anos atrás. Contratado por Henrik Vanger, tio da menina desaparecida, Blomkvist se muda para a ilha onde reside a família. Em troca, Vanger promete ajuda para a revista de Mikael. A Millennium atravessa uma crise por causa de acusações feitas por Blomkvist a um homem influente chamado Wennerström. O jornalista enfrenta um processo por difamação e a revista é acusada de publicar fatos sem provas. A credibilidade da Millennium  está ameaçada. A investigação de Mikael no seio dos Vangers mostra os segredos sórdidos e as perversidades por trás da influente família.

Os dois livros seguintes, A menina que brincava com fogo e A rainha do castelo de ar tem sua trama centrada em Lisbeth Salander e sua conturbada biografia. Entre um hospital para doentes mentais e um tutor que abusava sexualmente de sua protegida, a complexa personalidade da personagem é moldada. Esta história começa a ser desenrolada quando a Millenium está prestes a desvendar e denunciar uma rede internacional de tráfico de mulheres. Três pessoas são assassinadas e Lisbeth Salander é declarada culpada do triplo homicídio. Lisbeth desaparece sem deixar vestígios. Enquanto a polícia caça sua culpada, cabe a Mikael Blomkvist desvendar o mistério dos assassinatos, acreditando na inocência de sua amiga. Mas, o desfecho desta trama só vamos ver em A rainha do castelo de ar. Intrigas políticas, conspirações e um julgamento espetacular fazem parte do terceiro volume. Dizer mais do que isso seria entregar os mistérios de Millennium. A história fica melhor a cada livro, e é imposível largar até a última página. Não deixe de conferir.

Stieg Larssom (1954-2004) foi fundador e editor-chefe da revista sueca Expo, que denuncia grupos neofascistas e racistas. Especialista na atuação das organizações de extrema direita em seu país, é coautor de Extremhögern, livro no qual põe o assunto em evidência. Morreu em sua casa, vítima de um ataque cardíaco, pouco depois de ter entregado os originais dos romances que compõem a trilogia Millennium.